Segunda-feira, 31 de Março de 2008
Já era previsível, mas não deixa de ser lamentável a quantidade de jornalistas que hoje estavam à porta do Carolina Michaelis... Hoje é o primeiro dia de aulas e dado que o "acontecimento" rebentou durante as férias, a comunicação social ávida de testemunhos em primeira mão lá estava, qual abutre, à espera de apanhar alunos e pais para que dessem a sua "opinião" sobre o sucedido...

Eu pergunto, como pode assim uma Escola regressar à normalidade? E quando escrevo "Escola" refiro-me a uma comunidade educativa que engloba alunos, professores, funcionários e pais... já não bastou a excessiva reposição de imagens lamentáveis, têm agora que confrontar-se com equipas de reportagem acampadas à porta da escola, "sobre-estimulando" adolescentes demasiado impressionáveis com a "comunicação social"...

Sempre tive a imagem do "Carolina" como um liceu ideal, com um bom ambiente e boas condições de ensino. Eu que concluí o Secundário no Rodrigues de Freitas, que fica mesmo em frente sempre tive uma secreta inveja desta escola, pois ao contrário da minha escola, esta era uma escola bonita, limpa e onde era raro haverem "porradas" entre alunos (e entre alunos e pessoas de fora). Na minha escola durante o último ano que frequentei, a ronda policial dos agentes da esquadra de Cedofeita passava por dentro da escola! (Ai se a comunicação Social sabia!) Sim, os agentes vinham da rua, entravam na escola, davam a volta pelos corredores e pelos recreios e voltavam a sair!! Tudo isto porque houve ali vários incidentes entre alunos membros de grupos rivais, sendo que um grupo do bairro do Viso e outro da zona da Ribeira se envolveram por diversas vezes em conflitos, tendo havido facadas (sim!), porradas dentro e fora da escola e com a gota de água num episódio em que um aluno retirou a arma do coldre de um polícia (sem que ele se tivesse apercebido)!

Já o Carolina era a escola dos "betinhos". Não havia tantas confusões, a escola era agradável, estava bem conservada (o Rodrigues estava cheio de buracos nas paredes e até no chão das salas!) e tinha até um lago com patos, cisnes e outras aves, funcionando dentro da escola um infantário, tendo os alunos no recreio acesso às janelas das salinhas das crianças sendo possível vê-las brincar e até interagir com elas... ainda hoje é assim.

O "incidente" que aconteceu no Carolina nada tem a ver com a escola. Continua a ser uma boa escola, das melhores do Porto (sempre esteve bem classificada no ranking). O problema aqui foi que um episódio lamentável, que a própria escola podia ter resolvido internamente, transbordou de forma excessiva para a comunicação social. E agora só se fala do "caso naquela escola do Porto", como se esta fosse uma escola onde acontecem coisas terríveis, o que não é o caso.

Ridículo mesmo é ver como a comunicação social gosta de empolar os casos... Já pensaram como será a partir de agora a vida da rapariga de protagonizou o vídeo? Já se sabe que ela agiu muito mal, merece ser castigada pelo comportamento inaceitável que teve, mas alguém pensou nas consequências desta sobre-exposição?

Ela vai mudar de escola, mas para onde for, toda agente vai saber quem ela é e o mais certo é ela vir a ser "gozada" pelos colegas, não vai poder sair à rua sem que ninguém a reconheça, ou seja, se ela já era uma aluna em risco de perder o ano, acham que ela vai conseguir sequer voltar a entrar numa escola?

Ela merece ser castigada, mas isto não será demais para uma jovem com a maturidade de 15 anos poder lidar?

sinto-me deixem-os estudar...
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publicado por filhaemãe às 13:03 | link do post | comentar | favorito

2 comentários:
De RDias a 1 de Abril de 2008 às 13:14
Só me resta lamentar o que se fez e se disse, só porque um miúdo achou por bem filmar e expôr o que considerou ser uma sempre ansiada supremacia
dos alunos sobre os professores. A atitude da aluna está errada, mas penso que mais errada está a dos colegas que se divertiam, estimulando assim o cada vez maior agravamento da situação. No entanto a situação não é única, estando por isso longe de ser a excepção. São situações que quem filhos nesta fase escolar sabe ocorrerem, só que são resolvidas dentro da comunidade escolar, como penso devem ser. Permitam-me só, e na sequência do meu historial profissional, que já foi ser professora contratada por alguns anos, e pessoal que é ser mãe de três filhos entre os 4 e os 15 anos, dizer que penso que muitos dos casos de indisciplina escolar poderiam ser evitados se os conselhos directivos da escola não distribuissem as turmas segundo a vontade dos professores "residentes", fazendo com que as turmas mais complicadas e os piores horários fiquem para quem chega por último. Estes professores além de não terem estratégias adoptadas para os casos que já são do conhecimento dos outros, também se sentem fragilizados, porque além de tentaren captar os alunos também têm de "dar contas" aos próprios colegas. Haja Bom Senso


De filhaemãe a 1 de Abril de 2008 às 13:43
De facto juntar numa só turma alunos repetentes ou que já vieram "transferidos" de outras escolas é brincar com o fogo... à mínima faísca as coisas podem explodir, mas ninguém parece querer saber...
Ainda por cima a prof em causa tinha estado vários anos afastada do ensino, estando a prestar serviço a um projecto do min. da educação... Ora regressada à escola, estando vários anos sem dar aulas nada melhor que ficar com a turma difícil para se por a par!...

Já trabalhei com uma escola do 1.º ciclo que juntava os "maus" alunos de diversos anos de ensino (no caso 2.º, 3.º e 4.º) numa turma, ofertando esta ao professor que só era colocado lá para o final de Outubro e que desconhecia a realidade da escola... Já não bastava serem crianças difíceis e complicadas, ainda tinham que ficar misturadas com outros graus de ensino, esperar mais de 1 mês para terem direito a um professor e ficar com um docente que não conhecia nada do meio (que ainda por cima era de outro distrito, fazia centenas de km por dia)...
Os "bons" alunos ficavam integrados em turmas de apenas um grau de ensino (não havia alunos de anos diferentes), em turmas mais pequenas e com os horários melhores... é claro que assim os "maus" alunos não tinham nenhuma hipótese de poderem vir a ser "bons"...
Depois queixam-se do insucesso e abandono escolar... se já no 1.º ciclo é assim...


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