Caro senhor primeiro Ministro do nosso estimado país:
Quem lhe escreve é aquela cidadã modelo (lembra-se?) que abdicou de um Subsídio de Desemprego modesto para iniciar um emprego precário, provisório e instável, a recibos verdes, auferindo uma remuneração muito inferior ao subsídio abdicado. Sei que nesse momento lhe dei um bom motivo de satisfação, pois para além de ter deixado de ser um encargo para o orçamento da Segurança Social, aliviava as estatísticas do desemprego em Portugal, que Sua Excelência tão aprecia.
Lamentavelmente tenho a comunicar-lhe que não poderei continuar o meu esforço de o alegrar e de contribuir para o sucesso das suas políticas (elas existem?) para a melhoria das condições de vida do nosso país. Informo-o que a a partir do dia de ontem voltei a ingressar na lista de desempregados do nosso país, agravado pelo facto de que retomei a minha inscrição na Segurança Social como beneficiária de Subsídio de Desemprego.
Sei que estou a penalizá-lo duplamente, ingressando nas estatísticas "negras" do Desemprego" e aumentando o peso das verbas do Subsídio de Desemprego no Orçamento da Segurança Social, mas como o meu caro Primeiro Ministro há-de compreender, a minha situação financeira não me permite abdicar deste meu direito de receber subsídio de desemprego.
Infelizmente até hoje só consegui um emprego precário, que ainda por cima era provisório. É claro que o que eu gostava era mesmo conseguir um emprego mais estável, mas isso está a revelar-se muito difícil, principalmente na área do Trabalho Social.
Sabendo que Vossa Excelência ficaria muito agradado se eu conseguisse um emprego estável, gostaria de lhe recordar que o Trabalho Social é uma área da responsabilidade do estado, directa ou indirectamente (através do apoio a IPSS). deste modo o Sr. Primeiro Ministro pode reparar que a solução para este meu (e seu) problema está na verdade na sua mão! E não será preciso fazer nenhuma jogada de charme ou markting publicitário para que se consigam mais vagas para trabalhadores sociais, pois como o Sr. Primeiro Ministro já deve saber, a Área Social é uma das áreas com maiores carências ao nível de recursos humanos, sendo que há ainda muitas franjas da nossa população que não têm qualquer acompanhamento e intervenção social, apesar das necessidades gritantes que apresentam.
Assim apenas lhe peço que dado este nosso (meu e seu) problema, em vez de se lamentar que cada vez há mais desempregados, pense que uma parte deles (onde me incluo) podem deixar de o ser, se o seu governo abrir as vagas tão necessárias que alguém há algum tempo achou por bem congelar.
Grata pela atenção dispensada, com os meus melhores cumprimentos,
A autora do Blog Filha da Minha Mãe.
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